segunda-feira, 28 de junho de 2010

LACTATO OU ÁCIDO LÁTICO?


É comum vermos a utilização dos termos lactato e ácido lático por muitos profissionais da área da saúde (médicos, fisioterapeutas, educadores físicos) e em diversos livros como sendo a mesma substância. Estudos recentes têm demonstrado que além de não ser a mesma substância, não é viável ao corpo humano acumular ácido lático tanto em seus músculos como em sua corrente sanguínea por motivos que serão esclarecidos a seguir. Vamos então, tentar entender o que realmente é o lactato e o que realmente é o ácido lático.

Ácido lático é um ácido carboxílico que foi descoberto em 1780 pelo químico sueco Carl Wilhelm Scheele no leite azedo. Daí o nome lático. A fórmula molecular do ácido lático é C3H6O3.

Lactato é um composto orgânico naturalmente produzido no corpo humano e é a principal fonte energética do coração em atividades intensas. O produto final da glicólise é o piruvato (C3H3O3). Se a demanda energética da atividade permitir, o organismo utiliza o piruvato como fonte energética aeróbia, caso contrário o piruvato é convertido em lactato. A fórmula molecular do lactato é C3H5O3.

Notem que apesar de não ser a mesma substância, são bem parecidas.

Uma maneira muito simples de desconsiderarmos a presença do ácido lático nos músculos é olharmos seu PH, que é 3.86. O PH muscular é em torno de 7.0 e em condições de exercício intenso pode chegar a 6.0. Portanto, é inviável para os tecidos humanos suportarem um PH tão baixo quanto o do ácido lático. Neste caso, a substância derivada da glicólise anaeróbia não é o ácido lático, mas sim o lactato, que é o sal deste ácido.

Você já se perguntou de onde vem a sua concentração sanguínea de lactato de repouso?

Este lactato é derivado das hemácias. Por não possuírem mitocôndrias, onde ocorrem os principais eventos da respiração celular, as hemácias obtêm energia apenas da glicólise (fase anterior a mitocondrial), ocorrendo assim a presença final do lactato. Este é o lactato que podemos encontrar em nosso corpo em condições de repouso.

Algumas coisas que ouvimos em relação ao lactato:

Lactato causa fadiga: Constantemente o lactato é considerado culpado pela fadiga muscular. Pois além de não ser o culpado pela acidez muscular, o lactato ainda ajuda a adiá-la. O que realmente acontece é que no processo de conversão do ATP em ADP há a liberação de H+. Este sim é o verdadeiro responsável pela acidificação do meio. A formação de lactato é na verdade uma manobra do organismo para diminuir a concentração de H+ do meio. À partir de agora, podemos deixar de considerar o lactato um vilão e devemos considerá-lo o mocinho. Quanto maior for a concentração de lactato no organismo durante uma atividade intensa, melhor está o funcionamento do metabolismo anaeróbio.

Temos que alongar para eliminar o lactato: A eficiência que o organismo possui para remover o lactato do organismo está associado a um bom desempenho do sistema aeróbio. Este processo pode durar até 2 horas após a atividade. Se alguém achar alguma referência que explique a rota metabólica que o alongamento utiliza para essa remoção, por favor me passe.

Lactato causa dores no outro dia: Como citado acima, após 2 horas de interrupção do treinamento, o lactato já foi ressistetizado. Pensando nisso, como o coitato do lactato causaria dores que costumam aparecer 24 horas depois dos treinos? Na verdade essas dores são causadas pelos danos teciduais oriundos dos exercícios, ou seja, as famosas "micro lesões" dos sarcômeros.Vejam como nos acostumamos a massacrar o coitato do lactato. E ainda por cima chamar ele pelo nome que ele não tem (ácido lático).

12 comentários:

  1. muito legal esse blog, me ajudou bastante,
    serviu de complemento para os meus estudos ! \o/\o/
    continue postando que minha visita aqui será constante !! kkkkk

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  2. Legal... Podes também, sugerir um assunto!!

    Té mais!!

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  3. Muito bom, eu sou treinador individual, e vejo colegas da área passando essa informação erronia sobre ácido lático Ainda existem ótimos proficionais, PARABÉNS. ...

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  4. Muito bom o texto! Você poderia colocar as referências bibliográficas para eu ler também? Me interessa muito este assunto.

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